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domingo, 1 de janeiro de 2012

Butterfly fly away

Para ser entendido o valor do fato retratado a seguir, é necessário apresentar o contexto histórico de meados de 2006, há 5 anos atrás. Eu era bailarina, no alto dos meus 12 anos. Eis que o novo espetáculo seria sobre borboletas. Até então, não tinha opinião nenhuma sobre elas: aquela coisa que não fede, nem cheira. Depois disso, regi minha vida por borboletas.

O ballet se foi, outras coisas vieram e se foram, mas a paixão por borboletas continua incontrolável. Borboleta é um inseto incrivelmente belo, inofensivo, com um voo fantasticamente lindo. Me sinto entorpecida ao ver uma borboleta. Meu consciente para de pensar, só para apreciar os poucos segundos em que é possível mantê-la ao alcance da visão.

Os anos se passaram, e há poucos dias atrás fui agraciada por uma dessas criaturas que admiro tanto. Eu estava num barco, em movimento. Apreciando um dos melhores livros que já li (o finalzinho dele, para ser mais exata), ao mesmo tempo em que me divertia ao lado de minha família.

Começou quando meus pais me pediram para que eu os fotografasse. Ela pousou no visor da câmera fotográfica. Não consegui tirar a foto, e com muita dor no coração, a expulsei gentilmente. Bati a foto e, segundos depois, senti algo muito leve no alto do meu braço esquerdo.

Era ela, aceitando meu perdão. Quase não acreditei. Minha cabeça rapidamente apertou o botão off, e eu só conseguia olhar pra ela. Algum tempo depois, meu corpo reclamou da péssima posição e, cuidadosamente, tentei ajeitar o braço. Ela continuou do mesmo jeito. Fechei o livro e continuei na minha bolha, eu e minha borboleta.

Pude reparar em cada pedacinho dela, bem de perto. Por incrível que pareça, reparei que nós, quando criança, aprendemos a desenhá-la direitinho: um corpo parecido com uma minhoca, mas coberto por um "B" de cada lado. Duas anteninhas com uma bolinha no alto de cada uma, e um rosto. O rosto é a parte mais esquisita, mas é, de certa forma, meio humana: Dois olhos, uma boca e tufinhos de micropelos na cabeça. Reparei que uma espécie de língua passava por minha pele. Como se eu fosse uma flor. Adorei o elogio.

O barco continuava caminhando, mas ela parecia não se importar, apreciando minha companhia. Tentei tirar fotos e ela permanecia imóvel, entendendo que era a modelo da vez. Passei a câmera para várias pessoas e ela lá, inventando novas poses. Em curtos períodos (acho que dura menos de 1 segundo), ela abria as asas, permitindo que eu visse que ela é mais linda ainda por fora, variando em tons de azul.

Movimento rápido o suficiente para que eu ficasse mais encantada, mas não conseguisse fotógrafar, e entendesse que aquilo era uma espécie de ocasião especial para mim. Quando percebi que ela gostou mesmo de mim, que ela podia ser minha, já estava procurando um nome, ela se foi.

Sem a menor cerimonia, se foi. Levantou voo e sumiu. Assenti, triste, mas conformada.



2 comentários:

cecilia disse...

eu hein !!!! Que delírio !!! Acho que foi o sol que você pegou te fez mau !!!!rsrsrsrs

Rebeca Kim disse...

você que nunca entende minha arte!!