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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Solenemente ignorada

As pessoas sempre ficam me olhando: já acostumei. As crianças são as mais engraçadas nesse aspecto: todas querem rodar o pescoço 180º graus para continuar olhando pra mim enquanto eu passo, isso quando não param pra perguntar se eu quebrei a perna, se podem me empurrar ou andar no meu "carrinho".

Acontece que, dia desses, fui solenemente ignorada por uma criança. Isso mesmo! Eu estava entrando no colégio e ele - um menino de uns 4 anos, loiro, olhos azuis, cabelos lisos - estava andando na minha frente, de mãos dadas com um homem nada a ver com ele.

Estava andando tão perto dele que qualquer pessoa olharia mesmo por reflexo. E, de fato, ele olhou. Direcionou os dois olhinhos azuis brilhantes pra mim e, ao mesmo tempo - e com um quê de desprezo -, voltou à posição inicial. Se eu não estivesse também observando sua reação, já esperando que ele me encarasse, eu nem ia perceber que ele chegou a olhar.

Por mais que eu espere a reação normal das crianças em geral, eu sempre fico observando porque sempre me diverte. Dessa vez, me surpreendeu. Aquele menino claramente disse - com os olhos - que qualquer coisa era mais interessante do que olhar pra mim, e eu só fazia parte do cenário entediante que representa a escola e o impede de tirar a soneca da tarde.


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